Enquanto o brilho das luzes do São João de Jequié promete encantar multidões, a realidade de centenas de crianças da zona rural do município é marcada pela escuridão do descaso. Faltando merenda nas escolas e com denúncias de unidades sendo fechadas por ausência de alimentação, o contraste com os mais de R$ 6,3 milhões gastos na festa junina de 2025 escancara uma ferida antiga: a inversão cruel das prioridades públicas.
A cidade, localizada a 366 km de Salvador, ocupa agora o 4º lugar no ranking dos municípios baianos que mais investiram em São João, superando até cidades com maiores populações e estrutura. Com 14 dias de evento e 25 atrações confirmadas — entre elas Wesley Safadão, Ana Castela, Alok e Murilo Huff — Jequié supera a si mesma, elevando em mais de R$ 800 mil o valor investido em comparação ao ano passado.
Curiosamente, Gusttavo Lima, um dos artistas anunciados como atração principal, não aparece nos registros do Portal da Transparência, levantando dúvidas sobre a legalidade e a transparência desses contratos.
Mas o que não aparece nos palcos, tampouco nas planilhas públicas, é o som do estômago vazio das crianças que dependem da escola para comer. Como denunciado pela coluna O Carrasco do jornal A Tarde, escolas da zona rural estão sem merenda escolar, e em pelo menos uma delas, as atividades precisaram ser suspensas por completo por falta de alimentação.
A disparidade é gritante. Enquanto se canta no centro da cidade, há silêncio nas salas de aula. Enquanto os fogos estouram no céu, pais rezam para não verem seus filhos desmaiando de fome. O investimento em cultura é válido — mas qual é o valor de um show diante da dignidade de uma criança com fome?
É preciso ter coragem para aplaudir quando o espetáculo acontece com o povo passando necessidade.
"Não é sobre cancelar festas. É sobre lembrar que fome não espera o fim do show."
Foto: Internet
Enquanto o brilho das luzes do São João de Jequié promete encantar multidões, a realidade de centenas de crianças da zona rural do município é marcada pela escuridão do descaso. Faltando merenda nas escolas e com denúncias de unidades sendo fechadas por ausência de alimentação, o contraste com os mais de R$ 6,3 milhões gastos na festa junina de 2025 escancara uma ferida antiga: a inversão cruel das prioridades públicas.
A cidade, localizada a 366 km de Salvador, ocupa agora o 4º lugar no ranking dos municípios baianos que mais investiram em São João, superando até cidades com maiores populações e estrutura. Com 14 dias de evento e 25 atrações confirmadas — entre elas Wesley Safadão, Ana Castela, Alok e Murilo Huff — Jequié supera a si mesma, elevando em mais de R$ 800 mil o valor investido em comparação ao ano passado.
Curiosamente, Gusttavo Lima, um dos artistas anunciados como atração principal, não aparece nos registros do Portal da Transparência, levantando dúvidas sobre a legalidade e a transparência desses contratos.
Mas o que não aparece nos palcos, tampouco nas planilhas públicas, é o som do estômago vazio das crianças que dependem da escola para comer. Como denunciado pela coluna O Carrasco do jornal A Tarde, escolas da zona rural estão sem merenda escolar, e em pelo menos uma delas, as atividades precisaram ser suspensas por completo por falta de alimentação.
A disparidade é gritante. Enquanto se canta no centro da cidade, há silêncio nas salas de aula. Enquanto os fogos estouram no céu, pais rezam para não verem seus filhos desmaiando de fome. O investimento em cultura é válido — mas qual é o valor de um show diante da dignidade de uma criança com fome?
É preciso ter coragem para aplaudir quando o espetáculo acontece com o povo passando necessidade.
"Não é sobre cancelar festas. É sobre lembrar que fome não espera o fim do show."
Foto: Internet
Por: Dimas Carvalho – Escritor, Palestrante e Ativista Social.
Por: Dimas Carvalho – Escritor, Palestrante e Ativista Social.